1 ano

 

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Aprendi com um amigo, que aprendeu com outro amigo, esta peça de sabedoria: “A coesão se dá quando há partilha”. Estas palavras, hoje, mais do que nunca fizeram sentido para mim e me ensinaram da forma mais profunda que a alegria plena é vivida em comunidade.

Partilhamos e celebramos. Teve gente que foi a São Paulo buscar flores, houve gente que plantou, gente que assou, que comprou, que montou, que arrumou, cantou, ensaiou, ajeitou, cortou e pendurou. Teve gente que desmontou, organizou, limpou. Teve gente que confiou e que acolheu. Esta escola é fruto de doação e de colaboração.

Juntos celebramos e usufruímos da beleza e da riqueza que existe na nossa comunidade.

A nossa escola completa um ano de vida, e como disse uma das crianças: “Agora ela vai começar a andar”.

O Theo, que só tem 3 anos, me lembrou algo muito importante: estamos no inicio da nossa vida, passando por aquelas conquistas que são o fundamento e a base de quem nos tornaremos quando formos adultos. Crescemos e aprendemos um pouco a cada dia. Juntos.

Sou Val Rocha, mãe de Lia e Nina. Na pedagogia Waldorf encontrei acalento para minha alma, para a busca de uma forma de educar as minhas filhas que fosse alinhada com os meus valores. Quase perdi isso quando descobri que não havia ensino fundamental Waldorf em Santos, por sorte, ou por destino, me vi entre pessoas loucas o suficiente para criar uma nova escola, uma escola associativa, uma escola de todos nós. Este é só mais um capítulo da nossa história.

 

 

 

Sobre o tempo das coisas

Então é assim… Ando às voltas com as motivações, sonhos e valores da criação de uma nova escola. Um processo lindo e desafiador que tem trazido presentes maravilhosos, alguns inesperados. Como este que recebi hoje.

Não tive o previlégio de estudar em uma escola Waldorf, mas frequentei uma escola no ensino fundamental que me inspirou desde sempre, que fortaleceu a minha alma, que alimentou a minha curiosidade e que, de formas que nem consigo explicar, transformou a minha vida. Escola Joana D’Arc, em Paripe.

Das minhas professoras lembro bem, com clareza: Aua na salinha da frente, com o cheiro de giz de cera; Hermínia com as histórias, os contos de fada que me transportaram;  Perpétua e as palavras, o caderno de brochura, a cópia; Edna, na turma que me senti mais desafiada,mas também onde aprendi para sempre o amor à matemática e finalmente Vanda. Com ela as minhas lembranças são meio embaralhadas, me lembrava uma estrela, tive sempre muita admiração pela mulher esguia e desenvolta.

Não lembro de ter tido qualquer conversa sobre gênero ou etnia com ela… mas de alguma forma senti sempre que estes temas pertenceriam a um espaço entre nós duas.

Engraçado que seja assim, que a intuição infantil tenha respostas que atravessam o tempo, o saber, as pessoas. Hoje é a própria professora Vanda quem compartilha comigo a sua história, o seu sonho. E me sinto privilegiada por ter vivido e sido parte dele.