Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu ?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Reflexões de domingo

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Quem são as pessoas que você admira, o que elas dizem sobre quem você é?

Ouvi esta pergunta e me surpreendi com a minha lista de pessoas… ela começa de forma pouco original com Gandhi. Como não admirá-lo? Em seguida Luther King pelo motivos óbvios: sua atuação no movimento dos direitos civis nos EUA. e sua habilidade com as palavras, sua capacidade de mobilizar os sonhos dentro das pessoas. Tem ainda a Frida Khalo, pela arte, pelas ideias e pelo bigode…

A partir dai minha lista ganha outro rumo… uma lista de pessoas anônimas que animam e alimentam a minha alma. Minha mãe, pela vida que vive e viveu, pela simplicidade, pela coragem e pela clareza que sempre teve sobre qual o caminho certo a seguir. Minha irmã pela alegria, pela beleza, por ser a melhor tia do mundo e pelo compromisso que assume, e cumpre até o fim, com quem ama. A lista é enorme: tem crianças a adultos, gente viva e gente que já morreu, gente que vejo todos os dias e alguns que só no meu coração acompanho… e tem até gente de quem discordo…

E o que isso tudo diz sobre mim?

Gosto de pensar que sou uma pessoa comum. Sei que sou. Ultimamente (já fazem uns 10 anos) descobri que ninguém quer ser comum, e que ser comum é quase um crime. Resultado: tenho feito de tudo para ser qualquer outra coisa… É mais fácil esconder o que de ordinário há em mim com uma capa de singularidade, o que aprendi a fazer bem. Mas de verdade quanto mais penso, quanto mais vivo nessa minha pele, mas se torna claro para mim o que de verdade importa: eu sou uma pessoa absolutamente comum e eu gosto imensamente de gente. Gosto da intimidade profunda que pode existir entre as pessoas, amizades inesperadas, conversas significativas. Me descubro humana no contato com o outro. Quando isso acontece, tenho uma sensação de êxtase. O melhor de mim aflora e até sou capaz de fazer coisas incríveis. Por que não estou nem ai, estou no fluxo.

Às vezes este estado surge na adversidade, às vezes na bonança. Mas o fato é que sempre acontece com gente do meu lado. O inferno para mim é um lugar deserto de almas humanas. E isso por si só já diz tanto sobre mim.

Mas se é assim, porque às vezes tenho uma fome imensa de solidão? De estar comigo, com meus papéis, minhas músicas, minha costura – e porque não? – meu trabalho. Eu tenho dias assim. E egoísta que sou usufruo deles.

Parece que como tudo o que é vivo, eu também tenho mais de um lado. Eu e outros 7 bilhões de pessoas.

Personal Journey # Day 2

Será que estou no caminho certo?

É tudo uma questão de escutar o seu chamado, de acordo com Rob Dreaming (mesmo?! quem tem um nome assim???) – convidado do dia na Jornada Pessoal da IM Magazine.

E para ser honesta eu não poderia concordar mais. O difícil é escutar o tal chamado, ou ainda, reconhecer no meio de todos os ruídos, toda a informação, todos os desejos e sonhos, O Chamado. Para mim é uma sensação que tenho quando estou fazendo a coisa certa, não importa se grande ou pequena, se deu certo ou não… é uma sensação muito forte de que tudo está no mais perfeito lugar. Isso é engraçado porque esta semana ouvi pela terceira vez a frase: Nós somos aqueles por quem estávamos esperando. A sensação que tenho quando me aproximo do meu propósito é exatamente esta: de que eu sou exatamente quem eu deveria ser, e me basto.

Pelo menos naquele momento.

*Music: Spiraling Into The Center, I’ve learned from a friend a long time ago. The music came as a gift. The lirics, the voice, and the eyes… yes, I guess I’ll never forget the sweetness of those eyes that inspired and keep inspiring me… and have no idea of how greatfull I am… Following Mr. Dreamings advice: Ariane I am greatfull for all the beauty and kindness you bring into the world. Everyday.

Personal Journey #day1

Aceitei um convite misterioso para participar de uma aventura: uma jornada pessoal, por 21 dias. O convite veio de fonte muito confiável, há alguns anos conheço e gosto muito da IM Magazine, uma revista portuguesa focada em relatar o que de melhor acontece no mundo para criar o melhor dos mundos.

E como prometido recebi a minha primeira peça de inspiração hoje, por e-mail 🙂

O anfitrião do dia é Paul Huges, que com voz suave nos convida a uma jornada rumo ao interior de cada um, mais tempo olhando para dentro de nós, com a promessa de retornarmos à casa com uma bagagem enriquecedora. Não poderia ser mais desafiador e ao mesmo tempo inspirador.

A jornada é pessoal e intransferível, sentei no melhor lugar, com a melhor vista e muita disposição para desbravar essas paisagens de mim mesma.

* para saber mais sobre o projeto acesse: http://www.magazineim.com/home/index.php/21-steps-change/

A luz de cada um

https://instagram.com/p/3SY1i3TUto/?taken-by=ariane_lopes_mates

*foto de Ariane Mates

Hoje pela manhã o Leandro foi à igreja Luterana e levou as crianças. Eu que não sou muito de igrejas, me juntei mais tarde, para o almoço. Gosto do clima comunitário que preenchem estes encontros da comunidade luterana: as flores na mesa, as toalhas quadriculadas, a comida caseira… Isso tudo me lembrou muito os 8 anos que vivemos no sul e me lembrou também a descrição que ouvi recentemente sobre espiritualidade como a habilidade de cultivar uma certa atitude de reverência, e porque não, devoção, à vida, a algo superior ou misterioso, que conecta a nós todos.

Eu concordo com isso. Eu sinto isso cada vez que encontro uma comunidade para conhecer a horta que plantaram, para degustar o pão que produziram na padaria comunitária, para celebrar o que fomos capazes de realizar juntos. E cada vez me emociono.

E na fase em que estou, esta é mais uma surpreendente descoberta sobre mim mesma. Eu que não sigo qualquer religião, que não tenho ânimo de ir à igreja, me vejo completamente enredada, tocada, iluminada, por estes pequenos, ou grandes, ritos de gratidão e fé. Tenho fé no ser humano, tenho fé nas comunidades, tenho fé no amor e na bondade que habita os nossos corações e que é capaz de nos apoiar e amparar em qualquer adversidade.

Sei que existem muitos nomes para isso, eu, pessoa simplista que sou, chamo Deus. Abomino cada guerra e cada briga que iniciamos para garantir uma visão ou crença sobre outra. E subitamente percebo que é mais fácil falar do que fazer.

Cada dia tenho a oportunidade de fortalecer e revisitar meu conjunto de premissas sem guerrear com os outros por causa do que me é tão valioso, reconhecendo que diante de mim está outro ser humano defendendo algo precioso para si.

Nem sempre consigo.

Two Free Tools for Non-Designers: Canva and Pablo

For those of you interested in boosting your blog activity, this post is amazingly helpfull!

The Daily Post

Getting Started: To use Canva, you need to sign up for an account. Pablo, on the other hand, doesn’t require an account — just visit the Pablo page and start tinkering. Both are free to use, but note that Canva includes images you can buy for a small fee, too.

Given the popularity of our posts on designing custom image widgets and headers, photo apps, and free-to-use image resources, here’s a peek at two free tools that can help you create customized widgets, headers, and other extras for your blog: Canva, a program to make images and designs of all kinds and sizes; and Pablo, a tool to build social media posts, created by Buffer. I’ve been using both recently for design and image purposes: each have their pros and cons, but overall are great tools to try.

We’ve published tutorials using other free design and image…

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Aprender a perdoar: lição de filha pra mãe.

Me falaram que ser mãe não seria tarefa fácil: noites acordada, pouca privacidade, uma infinidade de perguntas, contas e mais contas… Bem ou mal me preparei para tudo isso e mesmo assim fui pega de calças curtas.

Ia dizer que ninguém me avisou que eu precisaria lidar também com meus monstros internos… Mas isso não é verdade. Há muito tempo em uma sensão de terapia Dornelis Benato, maravilhoso jungiano que me ajudou a mudar a minha perspectiva sobre a vida, me disse:

– Nossos filhos herdam nossos defeitos. Depois de questionado, ele me explicou que a frase não tem nada de mítica ou profética, simplesmente quer dizer que não podemos ensinar aquilo que não aprendemos. Estou me deparando agora mesmo com essa difícil verdade.

Minha filha Lia e eu de vez enquando temos alguns “arranca-rabo”. Ela é geniosa e eu… bem, eu sou uma pessoinha difícil de viver muito de perto. Outro dia ela desobedeceu algum pedido (ou seria uma ordem?) e acabou indo pro castigo. Ela ficou tão possessa que despejou em mim todos os insultos que conhecia. Gritou a plenos pulmões palavras como “ingrata”. Aiiiii! Eu fiquei furiosa!

Na hora de sair do castigo ela pediu desculpas e (igualzinha ao pai), já esqueceu, já superou, voltou a me amar e tudo ficou bem… pra ela, porque eu continuei enfurecida, passei o dia todo assim: toda séria, monossilábica e magoada.

Repassava na minha mente todas as coisas que eu poderia dizer ou fazer para ela se sentir do mesmo jeito que eu estava me sentido, e já que nenhuma delas era muito maternal me mantive fiel ao protocolo de mãe: põe de castigo, explica o porque, falando diretamente para ela, na altura dela, deixa 4 minutos ( 1 minuto por ano da criança) e na hora de tirar do castigo diz: você ficou de castigo por isso e aquilo e agora quero que você me peças desculpas. Desculpas pedidas, desculpas aceitas. Eu te amo, eu te amo e pronto.

Mas a verdade é que passei o dia dividida entre desejos de vingança e um esforço sobrehumano de fazer o papel de mãe-moderna-politicamente-correta.

Estava nesse clima quando ela (se arriscando muito!) perguntou:

-mamãe, porque você olhou pra mim assim?

eu, totalmente sonsa: – assim como?

Ela, imitando meu jeito de olhar: assim ó.

Eu: é que ainda estou chateada.

Ela: Por que?

Eu: Pelo que aconteceu hoje de manhã.

Ela: Ainda??!!!

Lia ainda não sabe disso, mas aprendo muito com ela, todos os dias uma coisa nova. Hoje foi o meu dia de aprender que preciso aprender a perdoar. Preciso aprender isso rápido. Tenho coisas a perdoar na vida, coisas velhas, guardadas num baú escondido bem no fundo do coração. Pensei que tinha que começar por ai, e me acovardei diante desse tarbalho de Hércules.

Felizmente essa perguntinha da Lia me trouxe a luz que eu precisava: começa agora mesmo, começa pelo que está vivo neste momento. Achei que ia ser muito difícil… mas surpreendentemente assim que parei de pensar na raiva que estava sentindo e no que a Lia fez, e passei a focar em como perdoá-la, o perdão foi nascendo dentro de mim.

No final do dia (o segundo dia), me senti tão feliz, tão leve, tão grata que acabei organizando a festa de princesa que ela tinha pedido. Na verdade era só um chá com bolo de banana + muito carinho.

Fala-se muito na importância de perdoar. Estou descobrindo que essa é uma habilidade essencial para criar uma criança: é preciso saber perdoar a si mesmo e ao outro. Estou longe de ter as respostas de como fazer isso sem sofrer e adoraria conhecer histórias e dicas de quem já passou por isso. Alguém se habilita?

Uma boa mãe

Atualmente esse é o meu desafio: ser uma boa mãe. E ser uma boa mãe, definitivamente, me tornaria uma pessoa melhor.

A gente passa a vida inteira aprendendo a se defender… a se proteger. Quando o assunto é educar, não é diferente, e aqui a ferramenta máxima da educação (pelo menos era o que eu pensava) é o castigo… ou o prêmio.

Por diversos motivos, e incluo aqui a Comunicação Não-Violenta como a minha referência máxima, me desafio a encontrar outras respostas para o paradigma de como motivar uma criança a comer bem, a respeitar as pessoas, a não correr perigo.

Hoje tive um insight! Mesmo quando tudo parece ir mal, ou especialmente quando tudo parece ir mal, preciso ser uma boa mãe. O contrário não é uma boa opção: quando tudo vai mal, ser uma mãe ruim? Ou má? Imagine só: seu filho ou sua filha se recusa a comer, você tranca a criança no quarto… Seu filho ou sua filha joga alguma coisa no chão e quebra, você grita com a criança? E se o seu filho ou filha te bate? Você bate de volta?

Não… Acho que é melhor não.

Mas vamos dizer que eu siga por esse caminho, o de perseguir o objetivo de ser uma boa mãe. O que faço, o que uso como recurso nestas situações?

Ainda não tenho essa resposta.

Mas ter a pergunta, já me basta. Por hoje.

Coisas para aprender na vida

Mover-se com o vento, embalada pelo vento…

Beleza, leveza…

Ser móbile.

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Em busca do sonho guru…

No inicio deste ano, me comprometi publicamente com a realização de um sonho. Não um sonho qualquer, se é que isto existe, mas um sonho que me leva de encontro às minhas raízes, aos meus maiores medos e meus melhores potenciais.

Como fazer um quilt pode ser tantas coisas assim ao mesmo tempo?

Pois é… tudo isso tem muito a ver com a minha referência máxima na vida: minha mãe. Demorei muito tempo para perceber/reconhecer a importancia dela para mim, e o quanto me influenciou e influencia. Se no passado a descrevi como alguém distante, incompreensiva e excesivamente dura, hoje a descrevo como sensível, amorosa, extremamente talentosa… Mudou ela ou mudei eu? Mudamos ambas.

Mas de volta ao tal quilt, eu quero muito fazê-lo, e estou dando vários pequenos passos para me aperfeiçoar e aprender técnicas que me permitam fazer um quilt de verdade: melhorar a costura em linha reta para juntar os blocos, melhorar a margem de costura para conseguir que as peças fiquem alinhadas… Por enquanto não consigo… fica tudo um pouco torto. Mas estou decidia a superar o meu medo de errar e o meu perfeccionismo paralisante.

Quero aceitar o que de imperfeito há em mim, parar de estudar e tentar e de fato fazer algo igualmente imperfeito mas concreto. Quando soube que estava grávida fiz de tudo para aprender alguma técnica artesanal, tomei aulas (Santa Cibele!), aprendi a bordar e fiz um lindo bordado. Dai travei. Fiz mil planos… nada parecia bom.

Mas isso foi no passado, agora, em busca do meu sonho guru, a estória é outra: usei o bordado em um cobertor bem simples, lindo e … imperfeito.