Minha filha gosta de princesas, principes e barbies. E eu implico muito com essas personangens, com as barbies mais do que com todo o resto. Eu não comprei barbies pra ela, mas ela ganhou de presente de aniversário. Eu não contei histórias de princesas, mas ela inventou suas próprias histórias. Eu não incentivei ela a buscar principes… mas ela encontrou sozinha!
Descobri que o que mais me incomoda nisso tudo são as imagens, os conceitos, os estereótipos que vão formando na cabecinha dela, especialmente sobre as relações entre as pessoas.
Outro dia ela me perguntou: Mãe, e se ninguém pedir minha mão em casamento. Depois de avaliar uma série de respostas bem panfletárias, respirei fundo e achei uma resposta com a qual me senti confortável… e verdadeira:
-Nem sempre é assim. O papai não pediu a mamãe em casamento…
– E como foi?
– Conversamos e decidimos nos casar, queriámos muito viver juntos, na mesma casa. A moça também pode pedir em casamento, pode não ter casamento… o que importa é ficarem juntos quando se amam.
– E o tio Dé e a tia Naná?
– Não sei como foi, pergunta pra eles.
***
Hoje ela acordou cedo e pediu para se vestir de cinderela, depois de vestida me pediu para fazer um coque de cinderela, bem alto e virado pra cima “assim ó”. Recebeu sua melhor amiga, experimentaram todas as fantasias e se divertiram pra valer, na maior inocência, brincadeira de criança.
Lia aceitou muito bem as diferentes alternativas ao pedido formal de casamento. E eu aprendi que as vezes exemplos de verdade são mais eficientes do que discursos ideológicos, mesmo os bem intenciondados.