O Arco de flores

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Por volta dos 6 anos de idade as crianças começam a perder os seus dentes de leite. Essa mudança física e aparente nos revela transformações que acontecem também na alma e na psiquê da criança. Na pedagogia Waldorf entende-se que este é o momento em que a criança está pronta para uma nova fase de aprendizado: assumir responsabilidades, treinar sua memória, lidar com a abstração… Estas habilidades se somam e materializam no processo de aprender a ler e escrever.

O arco de Flores

Esta fase é linda, um desabrochar que revelou novos aspectos de criança com quem eu já convivia a tanto tempo. Ela também traz desafios, alguns a serem superados como família, outros pelos pais, mas sem dúvida é uma fase que apresenta desafios a serem superados pela própria criança, utilizando os recursos que existem dentro dela.

Na pedagogia Waldorf este processo é representado pelo Arco de Flores, a cerimônia de boas vindas para os alunos que começam no 1o ano fundamental: ao som de uma bela música, os pais conduzem a criança até o belo arco de flores, param alguns passos antes do arco e observam enquanto seu filho ou sua filha ultrapassa por suas próprias pernas aquele arco para ser recebido do outro lado pela sua professora do fundamental.

A distância é mínima e não há qualquer risco real no percurso. Mas do outro lado está o desconhecido. A emoção toma conta de todos e para mim é um momento que levarei para sempre no meu coração. Desde a travessia do arco de flores vejo a Lia desabrochar novas facetas da sua personalidade, e fortalecer a sua autoconfiança, descobrir talentos e reconhecer limites.

Antes disso eu não tinha a menor consciência do quão marcante este momento seria na vida da nossa família e mesmo agora, quando pesquiso informações sobre o tema, não é que encontre muitas fontes.

No dia 19 de setembro a professora Ana Lúcia Gallo ao lado das professoras Ivani Blanco e Maria Cristina Gomes recebem pais e mães que estão vivendo ou prestes a viver esta transformação para falar sobre a transição da criança pequena para o fundamental sob a ótica da pedagogia Waldorf.

Independente de linha pedagógica que você escolheu, indico este evento para todos. Acho uma oportunidade imperdível para pais de crianças pequenas.

convite evento wladorf

Waldorf com sotaque

Escutei uma vez uma história que me pareceu ser uma lenda.

Até hoje repito com tom de brumas de Avalon. A história é a seguinte: vai chegar um dia, durante a educação da minha filha na nossa escola Waldorf Santos, em que ela, junto com seus coleguinhas e professoras, vai assar um pão que ela fez, com a farinha que ela produziu, do trigo que ela plantou e colheu, em um forno de barro que ela construiu.

Achei a história simbólica e linda, mas para dizer a verdade, achei que não era mais do que uma história, até me deparar hoje com a escola La Primula, de Roma, e sua campanha por recursos para a construção de um forno de barro!

Captura de Tela 2015-07-02 às 00.28.56E a terra se fez forno – História de um sonho amassado a mão

O projeto

No nosso jardim havíamos semeado um pequeno campo de grãos. Ano após ano, colhemos o fruto da terra e do nosso trabalho. Amassamos os grãos e moemos a farinha com as nossas mãos.

Hoje queremos dar um passo adiante: amassar a terra com palha para construir um forno com as nossas mãos. Dentro deste forno assar o pão… E convidar a todos os amigos do bairro! Assim de uma pequena semente poderá nascer uma comunidade reunida no perfume do pão recém assado.

A tradução é livre, você pode ler a historia completa no blog da escola clicando aqui>>

Estamos construindo com as nossas próprias mãos uma escola Waldorf em Santos, estamos construindo uma comunidade. E histórias como esta alimentam e fortalecem o meu sonho, regado a cheiro bom de pão assado na hora e acordes suaves de boa música. É verdade na Itália e é verdade aqui… bem no nosso quintal!

Delicadeza

Por duas noites consecutivas recebi um presente muito especial da minha filha: sua presença.

Não consigo evitar: olho para ela e vejo o seu potencial para ser o que quiser. Mas ela insiste em me mostrar que ela já É, todo dia e toda hora, a materialização do seu potencial. A vivência no Jardim Waldorf Flauta Mágica, tem tudo a ver com isso.

Ela apagou todas as luzes da casa e pediu silêncio. Com o apagador de velas e uma colher ela fez o sininho que marcou o inicio do ritual, do conto. Depois de tocar o “sino” ela o colocou delicada e elegantemente sobre  a mesa. Estava atenta a cada movimento e cada palavra que usou.

“O cordão dourado, bonito e costurado, vai fechar ago-o-ra”…

Ela esqueceu uma ou outra palavra… mas fiquei emocionda e orgulhosa… também me senti privilegiada por receber um presente tão bonito e delicado.